Hannibal Lecter e Sócrates tem mais semelhanças do que você pode imaginar.
Em seus diálogos, o canibal mais famoso do cinema põe tudo abaixo, faz uma tábula rasa para que novos conceitos sejam formulados.
Isso é justamente o que fazia Sócrates com sua maiêutica.
O que é o mal? Como se classifica? Nossos valores são absolutos ou meramente culturais?
Em sua genealogia, sua desconstrução semântica e filosófica para com os interlocutores, Hannibal não se censura.
Em um diálogo no livro O Silêncio dos Inocentes, por exemplo, questiona se Clarice acha que Crawford, seu chefe, tem intenções sexuais com ela.
Quer chegar ao cerne de todas as estruturas de pensamento das suas vítimas. Vítimas que, neste caso aqui, são apenas do campo do diálogo.
E ao longo da história Clarice vai se tornando uma verdadeira discípula do psicopata e sua metodologia reflexiva.
É um exemplo notável de criador e criatura.
Uma ótima semana para você,
Glaucio Delarue